Que sabes tu, dengue yanguê , do sofrimento?
Que sabes tu de pés gretados pela longa viagem,
que sabes do cansaço do caminhante?
Tatiê , tatiê ! Hu-um !
Dengue yanguê, irmão meu:
imaginar maldades está vedado a almas caridosas como a tua!
Meu amigo, irmão meu,
souberas tu a dor do meu peito, a aflição,
por reencontrar aquela que me prende o coração,
do desepero com que por ela tenho procurado!...
Souberas tu da ferida,
ferida viva que me atormenta os dias,
que um ácido diário corroi, impedindo-a de sarar...
Souberas o nome - ajudar-me-ias -
da indiferença, do desprezo,
dunas do deserto que palmilho...
Como sob as pontiagudas pedras que calcorreio
desapareceu a esperança,
como escassa água em solo ressequido...
Ah, amigo meu, irmão da minha alma, já se me fraquejam os passos
- que a voz há muito emudeceu!
Dengue yanguê :
não queiras disto saber,
que um mukulo-kulo pouco importa.
Poupa a tua mente formosa a estes lamentos,
que pelo deserto sigo o meu caminho.
Mas - kitawela ! - nem penses
em deitar-me um olhar de comiseração,
que ainda não se me romperam os nonkakos !